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Márcio Sousa

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medevac EH101 Merlin / Puma

Para que outros vivam, um EH101 da Esquadra 751 descolou ontem à tarde do Porto Santo para o Funchal com um doente a bordo. Este aparentava graves problemas ao nível do sistema respiratório, tendo por isso sido realizada a evacuação médica que terminou, mais uma vez, com sucesso. Até hoje mais de 2500 vidas foram salvas! Vale por isso a pena recordar o início dos "Pumas", com uma breve passagem pelo passado...



A que começa tem no EH 101– Merlin, novo helicóptero da Força Aérea, o personagem principal. A que está prestes a acabar fala de um helicóptero que nasceu para a guerra, mas que obteve as suas maiores vitórias em tempo de paz. O render da guarda faz-se no ar até ao fim do ano.

A distância não altera o lema das duas esquadras que operam os Pumas. No Montijo, a 751, nos Açores, a 711 voam há mais de 30 anos ‘Para que outros vivam’. De acordo com as contas da Força Aérea Portuguesa, as dez aeronaves reabilitadas da Guerra Colonial para as missões de Busca e Salvamento (SAR) ajudaram mais de quatro mil pessoas.
A partir do Montijo, os seis Pumas atribuídos à Esquadra 751 voaram para salvar mais de 1800 vidas, em transporte de doentes, evacuações e salvamentos. Nos Açores, as quatro aeronaves deixaram a pista da Base das Lajes para o transporte de 2300 doentes entre as várias ilhas do arquipélago e para salvarem 339 vidas – o caso mais recente ocorreu ontem.
“Às vezes, é difícil perceber a dificuldade que é operar uma aeronave e tentar mantê-la estabilizada, em condições de temporal, com vagas de nove metros. Mas isso faz-se. O que prova quer o valor do aparelho, quer a perícia das tripulações”, contou ao CM um militar da Força Aérea. “Mas a tecnologia mudou e é preciso acompanhá-la”, disse.
O futuro, para todos os efeitos, chega hoje, com a entrada ao serviço dos oito primeiros EH 101 Merlin, quatro anos depois de ter sido assinado o contrato de aquisição para 12 aeronaves. As quatro restantes deverão chegar até ao final deste ano, substituindo, em definitivo, os Puma nas missões de busca e salvamento em ambiente hostil (CSAR).
Mas nem com todas as valências, incluindo a capacidade de voo autónomo desde o Continente aos Açores e o reabastecimento em voo, as novas aeronaves conseguirão ‘beliscar’ a História dos Puma. Nas últimas três décadas, as dez aeronaves da Força Aérea somaram 55 mil horas de voo e, por vezes, o trabalho feito longe de tudo e de todos, no meio do mar, deu lugar a missões mediáticas, como a visita do Papa João Paulo II.
Hoje, as aeronaves que chegaram com a Guerra Colonial voltam a estar no centro das atenções, mas por razões distintas. Esta manhã, uma cerimónia de duas horas na Base Aérea 6, no Montijo, assinala o princípio do fim de 30 anos de missões dos Puma. O novo ‘Senhor dos Céus’ chama-se EH 101 Merlin. Até ao final deste ano, a Força Aérea espera ter 12 destas aeronaves a operar. Seis, vocacionadas para busca e salvamento, começam a voar hoje. Duas, para fiscalização das pescas, devem descolar até Dezembro. As quatro restantes ainda estão na fábrica.

PASSADO E PRESENTE

ESTREADOS NA GUERRA
O primeiro protótipo do Puma, de origem francesa, voou pela primeira vez a 15 de Abril de 1965. Portugal recebeu-os em plena guerra do Ultramar e foi o primeiro país do mundo a utilizá-los em situações reais de combate. Os 13 Puma comprados pela Força Aérea chegaram entre 1969 (2 de Agosto) e 1971. O objectivo da compra foi dispor de um helicóptero com maior capacidade de transporte que os 150 Alouette III que voavam na guerra. Foram usados com sucesso em Angola e Moçambique.

SABOTAGEM
Dos 13 aparelhos iniciais sobram ‘apenas’ dez. A primeira baixa ocorreu na, então, Base Aérea n.º 3 de Tancos. O Puma com a matrícula 9507 da FAP foi alvo de uma sabotagem em Março de 1971 e ficou destruído. A segunda baixa deu-se a 18 de Dezembro de 1973, no Aeródromo Base n.º 7, em Tete, Moçambique. Com o fim da guerra, os Puma foram empenhados em missões de busca e salvamento no Montijo e nos Açores. A terceira baixa ocorreu nos anos 80.

PROTECÇÃO CIVIL
O futuro dos dez Puma que vão agora ser abatidos ao efectivo da FAP é ainda incerto. Pelo menos alguns dos aparelhos podem vir a ser entregues ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, para combate a fogos florestais e outras missões de interesse público. A FAP disse já que não está em condições de fornecer as tripulações.

O ROLLS-ROYCE
O substituto dos Puma, o EH-101 Merlin, é considerado o Rolls-Royce dos helicópteros (o presidente dos Estados Unidos tem uma frota para uso exclusivo). Portugal encomendou 12 – custam 446 milhões de euros – e já recebeu oito: seis para busca e salvamento (SAR) e dois para fiscalização das pescas (SIFICAP). Os restantes quatro – com blindagem para combate (CSAR) – chegam nos próximos meses. A Esquadra 751, do Montijo, começa hoje a operar com seis Merlin. No fim do mês será colocado um na Madeira e no decurso do segundo semestre outros três nas Lajes, Açores. Estão formadas cinco das 15 tripulações (piloto, co-piloto, mecânico, operador de guincho e recuperador) previstas.

PORMENORES
O Merlin é um ‘heli’ de transporte médio. Tem flutuadores de emergência, dois barcos internos de 20 pessoas, um guincho primário e um secundário. Tem um radar de busca que identifica e monitoriza 32 alvos em simultâneo. Tem sistemas que permitem actuar durante a noite.

MISSÕES
As tripulações da Esquadra 751 – ‘Pumas’ (sediada no Montijo e com destacamento na Madeira) cumpriram nos Puma mais de 30 mil horas de missão. Transportaram João Paulo II, salvaram mais de 1800 vidas e foram homenageados pelo Governo como ‘Novos Heróis do Mar’.

MARINHEIRO EVACUADO
O Puma e o navio Hekabe tinham encontro marcado ontem, ao nascer do sol, a cerca de 250 quilómetros a sudoeste da ilha terceira, nos Açores. A missão da aeronave era evacuar do navio um tripulante russo com sintomas de uma crise de apendicite. Depois de um reabastecimento no Faial, devido às distâncias previstas na missão, o Puma, apoiado por um C-212 Aviocar, alcançou o Hekabe pelas 08h25. Setenta minutos depois, o helicóptero aterrou no aeroporto da Ilha do Faial e o paciente, que durante o voo fora assistido por uma equipa médica da Força Aérea, seguiu para o Hospital da Horta.

'TIROU-NOS DE UM SUFOCO QUANDO O NAVIO ENCALHOU'
“Estávamos com os nervos à flor da pele, preocupados que o navio se afundasse. Não sabíamos o que fazer, nem tínhamos para onde ir. Mas fomos socorridos pelo helicóptero [Puma], que nos tirou do sufoco”, recordou ontem Joaquim Quitério, ex-mestre do Vougamar, um arrastão que encalhou há anos ao largo de Peniche.
A acompanhar o mestre, residente na Costa de Lavos, Figueira da Foz, estavam mais oito pescadores que temeram pela vida até serem socorridos por um Puma.
Entre o alerta e o início do socorro passaram-se três horas. “Pareceu-nos uma eternidade, mas finalmente vimos a salvação a chegar e não morremos naquele barco preso em seco”, recorda o mestre.
Joaquim Quitério tem outros familiares na pesca. Em Outubro de 2004, o arrastão de pesca Sinamar encalhou ao largo de Odemira. Nesse dia, perdeu um cunhado no mar. Ainda assim, um Puma da Força Aérea conseguiu resgatar outros cinco pescadores.
O mestre lamenta que o socorro seja muito demorado e sujeito a inúmeros procedimentos burocráticos, “ao contrário do que acontece no estrangeiro”.
Mas, as mulheres dos pescadores da Costa de Lavos, algumas das quais viram os seus familiares serem salvos pelo helicóptero, não têm dúvidas: os Puma são “guardiães que zelam pela segurança dos nossos homens”.


fonte: FAP/ Correio da Manhã

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